15. Da pulsão de morte às consequências imediatas e futuras

Uma das contribuições do conceito freudiano de pulsão de morte é estruturar debates sobre ações humanas que têm um perfil autodestrutivo. E trazendo para esse debate reflexões que Skinner reúne no livro “Contingências de reforçamento” relacionadas a como alguns comportamentos são regulados por esquemas que envolvem consequências imediatas e futuras, uma das conclusões é que a repetição de muitas ações autodestrutivas expressa um conflito entre uma consequência reforçadora que vem logo após a ação e uma consequência aversiva que surgirá mais tarde. Um exemplo é o da pessoa que utiliza uma droga que gera prazer e é nociva ao cérebro. Nesse caso, a ação (usar a droga) provoca uma consequência reforçadora imediata (prazer) e uma consequência aversiva futura (agressão maior ao cérebro). Uma vez que o contato com a consequência reforçadora (prazer) é imediato e quase garantido, e a chegada da consequência aversiva (sequelas motoras ou cognitivas) talvez demore bastante, isso deixa a pessoa inclinada a sustentar o consumo da droga, mesmo com consciência dos riscos.  

→ Na prática da psicoterapia, quando houver necessidade de analisar ações com perfis autodestrutivos que pareçam guiadas por uma (hipotética) pulsão de morte, é recomendável que o clínico tente identificar quais são as consequências reforçadoras produzidas por essas ações e de que modo tais consequências ajudam a pessoa a fugir de sentimentos que a desorganizam (medo, tristeza, raiva etc.). Algumas ações podem acarretar mais de uma consequência imediata e mais de uma consequência futura, e cada uma dessas consequências pode ter valor mais biológico ou simbólico. E o perfil autodestrutivo de uma ação não se limita a agressões direcionadas ao próprio corpo; inclui agressões a laços afetivos e projetos de vida.

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F: Você acredita no meu conceito de pulsão de morte?

S: Apenas na medida em que ele ajuda a ver conflitos entre consequências do comportamento.